segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ruas em mim

Vou sair por ai e vomitar minha raiva.
Cantar minha Mágoa, cuspir o meu ódio.
Não cruze o meu caminho seus vermes.
Eu decidi sair por ai vendendo meu tédio, chutando o escárnio.
Vou fazer um bilhão de inimigos para celebrarmos um milhão de desgraças.
Adentrar em becos escuros, imundos, do lado de dentro de mim.
Caminhar por ruelas vazias onde no fim há uma parede suja de sangue.
Ir lá no fundo da alma onde sempre há um vazio bem mais que profundo.
Sentar no leito da esperança e vê-la lutar pelo último suspiro.
Vou esperar inutilmente o sol depois da tempestade.
E Enquanto chove eu continuo vivo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Elas.



Correram loucamente atrás dela, na verdade, delas.
Uma busca implacável com um só objetivo: Encontrá-las.
O mundo estava farto de uma e sedento por outra.
Naquela época de puro caos não havia outra maneira de ter paz.
Tinha-se que correr atrás delas, das distintas meninas.
No caos como cães, lobos e ratos juntavam-se ao pelotão.
Corrida frenética, sem prumo nem rumo, e o que procuravam?
Quem eram elas?
Sabia-se que naquela multidão de loucos, os justos eram poucos.
Alguns querendo vestir, outros despir.
O quê afinal?
Por que toda aquela desordem?
Um dia quando aquela roda aluir, todos cairão dali.
Porque aquela era uma corrida em círculos, sem ciclos.
E quando por ventura a roda quebrar, espero que alguns possam ainda está lá
Elas estarão.
As duas.
 As senhoras verdade e mentira.

Insônia.


É fato:

      O sono não vem
                 
                         mais a noite se vai.
                                 
           E com ela a inspiração,

Se bem que os melhores
                         
             Poemas devem ter sido escritos a noite.

E as primeiras a ver foram elas, a muriçocas.

         Gaiatas que só, dão voltas de alegria,
                 
Não sabem coitadas que cortam o fio da meiada.

E ai o foco se vai,
               
                A paciência se vai,
                     
O sono que já se foi há tempos...

Até elas se vão
               
          Nas palmas das
                             
                    minhas mãos.